O fato bizarro é fruto de um problema antigo, já mapeado por todo mundo e explorado à exaustão por advogados de todos os tipos...
O primeiro problema é a indústria das liminares: como efeito dos abusos da ditadura militar, a Constituição de 1988 instituiu as liminares a torto e a direito para qualquer caso e em qualquer circunstância, até para juízes do Supremo Tribunal Federal... Era uma tentativa de fazer com que os direitos das pessoas fossem garantidos, mas virou baderna...
O segundo problema é excesso de recursos, também derivado do excesso de garantias constitucionais por causa do receio de uma nova ditadura: quem tiver dinheiro para bancar advogados pode ingressar com mil recursos, um em cima do outro, até que algum deles "cole"...
E, por fim, temos o maldito plantão judiciário nos finais de semana, mais uma das muitas garantias desnecessárias em um estado democrático de direito que só existe por causa dos traumas da ditadura...
Os advogados ficam esperando que um ministro específico dê plantão e então ingressam com um recurso para ser decidido por aquele ministro específico, que eles sabem ser mais "sensível" aos seus pleitos... Por exemplo: tenho uma amiga que participava de grupos médicos para operações de cirurgia de redesignação de gênero na época em que isso era legalmente impossível no Brasil... O que a turma dela na faculdade fazia??? Era assim: eles entravam na Justiça para tentar uma aprovação da cirurgia e perdiam na primeira instância (sempre perdiam); aí eles cuidavam de tudo no hospital e deixavam tudo pronto para uma cirurgia-relâmpago... Aí esperava-se pelo plantão da ministra Ellen Gracie no STF... Na sexta-feira à tarde eles ingressavam com a petição e ela sempre aprovava no sábado de manhã... Com a aprovação na mão, o povo fazia a cirurgia no próprio sábado... Pronto!!! O STF podia até rever a decisão, mas já seria tarde demais!!! É assim que advogados instrumentalizam a Justiça. Foi assim que a advogada de André do Rap "escolheu" o indecente Marco Aurélio Mello para soltar seu cliente.
Não foi a primeira vez, nem a segunda, nem a décima vez que Marco Aurélio Mello soltou um fascínora por mero formalismo cretino... Foi ele também, por exemplo, que soltou o Cacciola... E no minuto seguinte o Cacciola fugiu para a Itália.