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De Uma Pessoa Morta
Eu sofro muito de insônia, costumo acordar no meio da madrugada para tomar água, respirar um ar livre no quintal e ir ao banheiro. Eu estava pensando no que poderia escrever para o conto de terror do Red, nada me vinha na mente. Só que para a minha surpresa, em uma dessas madrugadas de insônia, eu vi em frente ao quintal da minha casa um homem de preto, não conseguia enxergar o seu rosto. Quando fui tomar água em frente a janela, esse homem apareceu rapidamente do outro lado dela, eu fiquei paralisado, o seu rosto não tinha olhos, era como se houvessem dois buracos em sua face, eu nunca senti tanto medo em minha vida. Senti uma força penetrando o meu corpo e busquei desesperadamente uma folha e um papel e comecei a escrever descontroladamente, desmaiei. Quando amanheceu, eu acordei com uma carta ao meu lado, escrita por mim, mas com uma letra de uma outra pessoa. Não tive coragem de ler, entretanto na madrugada seguinte, eu fiquei atordoado com aquele acontecimento, então peguei a carta para lê-la. E na carta dizia:
“Eu tinha 10 anos em 1995, costumava sempre viajar para uma cidade no sertão da Paraíba em minhas férias de final de ano da escola, pois a minha família é de lá. Eu adorava o meu tio Tonho, a sua casa era enorme e isolada, tinha um tom sombrio que me prendia a atenção. Esse meu tio adorava me contar histórias de horror, só que um dia tivemos uma conversa séria, ele era um homem com muitas enfermidades, por isso me pediu para caso ele não conseguisse ver os seus netos crescidos, para que eu os contasse o quanto ele os amava e como os queria vê-los felizes.
Eu prometi que contaria, era o meu tio amado, não poderia recusar.
Em outubro do ano 2000, fiquei sabendo que esse meu tio não resistiu às suas enfermidades e acabou falecendo. Aquela promessa se perdeu na vastidão dos meus pensamentos.
Eu fui visitar novamente o sertão da Paraíba em junho de 2006, jamais poderia imaginar a tragédia daquela viagem.
Eu tinha 21 anos na época e tive a permissão da minha tia para ficar por uns dias na casa em que ela morou com o meu tio Tonho, ela não morava mais nela desde a morte do marido, eu sempre gostei daquela casa, desde pequeno. Eu fui para lá feliz da vida, jamais pensaria que poderia acontecer os estranhos fenômenos que presenciaria ali.
Na primeira madrugada, quando eu fui tomar um copa d’água, abri a janela e observei um homem no quintal, os seus pés não tocavam no chão, ele tinha algodões nos narizes e vestia uma roupa preta, ele foi se aproximando e reconheci a face do meu tio Tonho. Fechei a janela rapidamente, sai de casa desesperado em plena madrugada.
Nas ruas encontrei uma senhora que notou o meu nervoso, ela tinha a fama na cidade de se comunicar com mortos, eu contei para ela o que os meus olhos testemunharam, ela me disse que essas manifestações podem acontecer quando temos pendências com o morto. Quando ela me disse isso, eu me lembrei da promessa que tinha feito para o meu tio. Eu comecei a procurar desesperadamente os números de telefones de seus netos, e quando os encontrei, fui falando logo de uma só vez para cada um deles.
- O seu avô amava você e quer vê-lo feliz. É isso!
Ah que paz eu senti, me senti quitado com uma dívida. Eu a agradeci e na noite seguinte voltei para aquela casa do meu tio com a sensação de tranquilidade. Eu não poderia prever o que estaria por vir.
No início da madrugada do dia seguinte, eu recebi uma ligação daquela senhora que me deixou sem chão.
- Menino, graças a Deus eu consegui falar com você, estou tentando te ligar faz um tempão. Olhe, eu preciso falar rápido, eu tive um sonho na última noite, esse homem que você viu não era o seu tio, era um espírito maligno que ronda essa casa, fuja daí, o mais rápido possível.
Eu desliguei na hora e corri para a porta, mas droga, ela não abria, uma ventania tomou conta da casa, os pratos caiam, as janelas abriam e fechavam, e no meio da sala eu vi novamente aquele espírito que tinha a forma do meu tio, ele flutuando, com algodões nos narizes e me olhando seriamente. Eu corri para o banheiro e me tranquei, gritei muito.
-SOCORROOOOOOOOOOOOOO.
Só que a imagem desse espírito começou a aparecer no espelho, eu fique sem ar, paralisado, não tinha mais forças nem para gritar. Naquele momento o meu coração parou!
Conte essa história para os seus amigos do virtual.
DE UMA PESSOA MORTA”